Já está sol, podemos fazer tratamentos vasculares?

vascular

Com a chegada da Primavera, esta é uma das questões que mais colocam em consulta. Será esta a época ideal para este tipo de tratamentos? Devemos esperar pelo Inverno? A verdade é que a resposta pode variar. Existem vários fatores a ter em conta quando propomos algum tratamento vascular, seja com equipamentos como laser Nd-yag ou Luz Pulsada Intensa (IPL) ou com tratamentos injetáveis, como a escleroterapia.

E antes de abordarmos esta questão propriamente dita é fundamental perceber em que consistem os tratamentos vasculares e que patologias podem tratar. Falando dos membros inferiores, a primeira coisa que nos vem à cabeça são as varizes! Estas podem ser tratadas de forma não cirúrgica com recurso a escleroterapia e a laser vascular. A escleroterapia consiste numa injeção de um líquido esclerosante que vai “secar” o vaso eliminando-o de forma definitiva. Esta técnica pode ser complementada com o laser vascular, especialmente quando temos vasinhos mais pequenos (chamados de teleangiectasias) permitindo um tratamento mais completo. Além das varizes, é comum vermos também no corpo angiomas ou nevos rubi (também chamados de sinais vermelhos) que podem ser tratados de forma cômoda com laser, normalmente com uma única sessão, sem deixar qualquer cicatriz. Estes podem surgir também no rosto e pescoço e são tratados da mesma forma.
Relativamente às típicas lesões que surgem no rosto, as mais comuns são as telangiectasias, angiomas, aranhas vasculares, vermelhidão difusa (flushing) e hemangioma (tumor vascular benigno). normalmente estás lesões são tratadas com laser vascular (Nd-yag) ou com Luz intensa pulsada. Esta última consiste numa tecnologia com diferentes feixes de luzes que permite tratar diversas patologias, como as lesões vasculares mencionadas, mas também permite tratar manchas, acne e fazer rejuvenescimento.

A estação do ano em que nos encontramos é um dos factores a ter em conta na hora de decidir se avançamos ou não para tratamento vascular pois este tipo de tratamentos pode não estar recomendado em pleno verão, com temperaturas altas. Não só pela exposição solar, que não é de todo recomendada, mas pelo calor que por si só pode ser um incômodo na recuperação, seja de tratamentos corporais ou faciais.
É também importante questionar os nossos pacientes sobre viagens agendadas para destinos de calor, uma vez que este pode ser um facto que obriga a adiar o tratamento, caso esteja exposto ao sol durante esse período.
No entanto, o calor ou o sol não são contraindicações para os tratamentos vasculares, desde que se tomem medidas! Alguns pacientes aceitam as limitações da não exposição solar e optam por realizar determinados tratamentos mesmo estando sol. O importante será informar bem o paciente antes de se estabelecer um plano de tratamentos.

Quando propomos tratamentos corporais como a escleroterapia (injeção de um produto que vai colapsar a veia fazendo com que desapareça) devemos informar que além dos cuidados com o sol está recomendado o uso de meias compressivas após a sessão. Com o calor estas podem ser incômodas e esse motivo é válido para adiar o tratamento. Por outro lado, assumimos que o uso de roupa que tape a área tratada irá proteger contra os raios solares, no entanto não é suficiente. Devemos instruir ao uso de protetor solar, para evitar o surgimento de manchas. Além disto, não nos devemos esquecer das recomendações básicas, nomeadamente a manutenção de exercício físico, preferir locais frescos para evitar a vasodilatação dos membros, e caso frequente a praia/piscina dar preferência às horas de menor calor. Pode ainda ser recomendado o uso de medicamentos venotrópicos, drenagem e uso de meias de compressão para ajudar na sintomatologia nesta altura do ano.

Relativamente ao laser Nd-yag, um equipamento que permite tratar varizes, aranhas vascular ou angiomas (pequenos aglomerados vasculares parecendo sinais vermelhos) devemos informar o paciente que deve evitar expor-se ao sol por um período previsível de um mês após a sessão. Além disso, temos que informar que está contraindicada também a exposição solar prévia, pelo risco de queimadura. O mesmo acontece com alguns medicamentos (como os anti-inflamatórios) que devem ser evitados antes da sessão pelo mesmo risco. Estes cuidados devem ser tidos também quando falamos de Luz Pulsada Intensa.

Tendo em conta todos estes fatores, o ideal será sempre agendar a sua consulta médica prévia, de forma a obter todas as informações necessárias e tomar uma decisão em consciência. Os tratamentos vasculares não estão totalmente contra indicados nesta altura, no entanto é preciso fazê-los de forma consciente e informada.